sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ano 4 . Nº 54 . Julho 2009

Tudo do Todo

Carol Wolff


Eu sei que ainda existe você.

Eu sei que eu não sou eu no espelho.

Não gosto de coisas pela metade, não me satisfazem.

Por que um pouco de tudo, uma faísca de sentimento,

um precário respeito?

Pouco, pouco e sempre pouco?

Não!

Quero tudo por inteiro,

tenho necessidade de ter o todo das coisas,

dos sentimentos e das atitudes...

A vida é bela e curta,

então por qual razão sempre esperar ou ter um pouco do que existe?

Digo, isso não serve para tudo, mas sim para o que realmente tem essência,

o que ainda respira e pode estar escondido, omitido, oculto.

Não quero lamentar a sensação de tudo o que eu poderia ter sido e não fui...

Ou até mesmo de tudo que poderia ter acontecido e não aconteceu.

Para que freios na vida, quando o que se almeja são apenas coisas boas,

quando o resultado poderia ser felicidade, mais felicidade!

Eu sei que você ainda existe.

Eu sei que eu mudei o meu eu no espelho... da vida!


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Elara (soneto 14)
Marcüs Beaumont


Gabriel desce findar a contenda
E levar Icarus ao cárcere eterno
Elara mais feroz que intento materno
Atravessa-o com flechas em dezenas

Em feixes de luz percorrem a planície
Batalhando querubim e anjo caído
Que por mais fraco e ferido
Decapitou-o aspergindo sangue na superfície

Icarus agonizante em prantos
Elara com dever de exterminar
O enviado dono de seu amor..

Leva-o nos braços santos
Já exausta ajoelha-se a prantear
Finado está, Icarus, em dor...


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Cuando

Aimée Lejeune


Todos tenemos una debilidad
Pero en algunos de nosotros es mas fácil de identificar
Mírame a los ojos
Y pide perdón
Haremos un pacto para nunca mas hablar de esto
Si, tu eres mi amigo.
Todos tenemos algo que cava en nosotros
O al menos cavamos en el otro
Así que cuando la debilidad suba mi ego
Se que te acordarás de mi desde ayer.
Si doy vuelta en otro
Cava desde mi interior lo que esta cubriendo
La mejor parte de mi
Canta esta poesía.
Recuérdame que siempre nos tendremos el uno al otro
Cuando todo lo demás se haya ido
Todos tenemos una enfermedad
Que ingeniosamente ataca y se multiplica
No importa cuanto lo intentemos.
Todos tenemos a alguien que cava en nosotros
O al menos cavamos en el otro
Así que cuando la enfermedad suba mi ego
Se que actuaras como la medicina mas ingeniosa.
Si doy vuelta en otro
Cava desde mi interior lo que esta cubriendo
La mejor parte de mi
Canta esta canción!
Recuérdame que siempre nos tendremos el uno al otro
Cuando todo lo demás se haya ido.
OK, each other... when everything else is gone.


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Cotidiano

Suelen Romancini



Obrigada por me afastar de você.
Isso torna tudo tão mais fácil, estou mórbida, não percebe?
Estou faminta de curiosidades e você simplesmente me prende a você.
Não funciono assim, não sou quebrável ou domável.
Como pretende me deixa com você assim?
Ando em meus dias sendo perfeitamente incomum, eu tenho alguns dons que desconhece.
Algumas cartas na manga, como toda garota esperta tenho respostas prontas.
Planejo tudo tão bem que você desacreditaria se eu lhe falasse.
Tornar seus dias maravilhosos é um divã para mim.
Um dia tudo mudará e iremos lamentar por sermos assim.
Débeis, um dia caímos em um precipício juntos e estranhos.
A insegurança partilhou da maior parte de seu cotidiano.


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Eloquência

Bruno Velásquez


Digo-me mentiras póstumas

para suportar meu erro inconcebível.

Diga-me que estará comigo

do outro lado do nada

quando eu chegar,

Diga-me sim?

Eloquente, sem coragem

sou tudo de mais nefasto

e sujo.

Sou tua vergonha

tua ira

tua desgraça.

Mesmo assim, diga-me que estará lá

Diga-me sim.

Amo, sem saber amar,

tua existência plena

rara

perfeita.

Perdoa minha existência tosca

meu sorriso frio,

diz “sim” a minha eloqüência dúbia.