sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ano 5 . Nº 65 . Junho 2010

Júlia Kim
SOBRE A VERDADE ESCONDIDA

Sobre a verdade do nunca.
Do errado.
do surdo
p
o
e
m
a
.
Eu sou a metade do fim.
O medo coerente de Ser.
Sobre a verdade do possível.
Do inesperado.
do confuso
v
e
r
s
o
g
ó
t
i
c
o
.
*****

Suelen Romancini

As falácias se escondiam nos becos virtuais.
Excedeu-se em combustão
como uma bolha de ar em meio à água fervilhante.
o recipiente em vazio.
Despiu-se em açucares.
Amargamente andou, virou-se com um fluido.
O elixir voltou-se em si,
eram movimentos infames.
Descreveu-se, em momento de puras repartições triangulares.
Ora, as formas se desfaziam em soberbas lineares.
O conto permanecia, seu carma era conter-se.
As letras foram substituídas por abstrações.
Reflexo do autor, em instantes encadeia.
Uma complicação de histórias,
e em parco exercia o uso de texturas.
*****

Brenda Nurmi
AURORA

Um dia, fui abandonada pela felicidade.
Hoje quem me acompanha é a saudade
Dos tempos que não voltam nunca mais
Pra minha total falta de paz...
Como era doce os tempos de outrora
Em que me alegrava a cada aurora
A certeza de te ver
Satisfazia o meu viver...
Não me incomodava,
A pele sempre marcada
Tinha o coração sempre contente
Mesmo que sangrasse frequentemente
Te ver sorrir acalmava meu peito
Dor que hoje já não tem acalento...
Sei que estas a sofrer
E sofro junto por não ter o que fazer...
*****
Fábio Bresser
FALTA

Juro,
eloquente,
porém ainda vivo
que amei sem medida
que vivi sem moderação.
Onde quer que eu esteja agora
ao ler essas palavras confusas
eu estarei longe
debilitado de razão.
Estarei ausente de mim
por ter esquecido de pensar em nós.
Egoísta, falho, morto.
Estarei longe
debilitado de ti.
******

Carla DarKness
AINDA EXISTE AMANHÃ?

Dias claros e poéticos
sempre existirão.
E hoje?
Dia
(escuro)
silencioso
fúnebre.
Por ele
perdi a essência
a espera
pelo dia seguinte
Ainda existe amanhã?
Claridade?
(?)
Me acorda
quando
Ainda
não for
hoje.
*****

Vinícius Ruiz
EU
Poesia para não se despedir
versos rasgados de paixão
letras tingidas de decepções
mesmo assim sou eu
quem escrevo
quem vivo cada segundo
a mais
ou a menos.
Você que nem me ouvi
nem me ler
senti a pancada da palavra
dita?
Do instante gótico
corrompido
pelo falso poema lá fora?
Vivo! E viver é também morrer
todos os dias ou todos os segundos.
Poesia “dark” é toda poesia do inexistente,
Poesia gótica contemporânea:
sou eu (a cada segundo).
O lirismo está na entrelinha,
Ler. Enxerga. Tresler.