domingo, 2 de maio de 2010

Ano 5 . Nº 64 . Maio 2010

Nixy
INSTANTE

Sorrateira em volta de mim
Circula ameaçadora
a bolha cotidiana de sensações informes
Soando gongos e sinos
Desespero e Angústia tranquilos
marcando dias e horas
Observam a esperar
O abraço do Abismo enlaçar
A alma
pela tua Ausência atormentada.
Naquele dia me vi encontrar
no fundo dos teus olhos calmos
Um instante. Lampejo de paz
Um minuto de ordem universal
Qualquer riso infantil
pra sempre calor infernal
Voz grave puxando o Sol, detrás
das encostas invernadas, terras assombradas
onde jazia meu ser
E mãos fabricaram sorrisos
E os espalharam todos
Pelos caminhos meus
Sem você, então
O badalar soluçante
Silêncio. Sensação sufocante
Gongos e sinos
Ausência constante
Lágrimas. Desatino.
Sem você agora
A tempestade vindo.
Eu indo.


*****

Marcüs Bealmont
ALTER EGO

O olhar escurece, e o ímpeto violento ordena
Comanda com desejo e sangue que, és
Mas quando o ar clareia só fica a pena
Não valeu a pena, o remorso te amputa os pés
O demônio interior se mostra no espelho
E horrorizado você se esconde no arrependimento
Mas talvez seja tarde, a culpa te toma dos artelhos
Ate a cabeça, apagando você e seus sentimentos
Você então pega a arma e engatilha....
Poe na boca, no ouvido, na testa....
O click seco se segue de um estouro!!
O metal frio cai...
você engatinhaA bala na parede, zumbidos em festa
Viver é tua punição...desgraçado calouro...
*****

Aimée Lejeune
CAMINOS

Caminos opuestos de regreso otra vez
Lugares extremos que no conocía
Rompí todo otra vez
Todo lo que poseería
Lo lancé por las ventanas, se fueron,
Caminos extremos que sé que se fueron
El color de mi mar
Me colorea perfectamente.
Caminos extremos que me ayudan
Me ayudan tarde en la noche
Lugares extremos a los que he ido
Pero nunca he visto una luz
Sótanos sucios, ruidos sucios
Lugares sucios pasando,Mundos extremos solos
Te hicieron como lo planearon
Me pararía en la línea por esto
Siempre hay espacio en mi vida para esto.
*****

Juliana Amaral
QUANDO OS ANJOS NÃO CHORAM

Deus, por piedade, dá-me a mão
ergue os meus olhos
cheios de tristeza e insegurança
dá-me um pouco de calma.
Quando eu estiver sozinha
acompanha-me no pranto
na agonia de não saber o que fazer.
Deus, por piedade, dá-me um abraço
porque quando os anjos não choram
uma alma como a minha será feliz.
*****

[G.W.]
FÚRIA

Bastou um olhar,
uma agitação por dentro,
uma vontade de enlouquecer.
Bastou um instante
de ausência
para a vontade de jorrar silêncio surgir.
Bastou a certeza da negação
para a fúria tomar contar dos sentidos
e da mão trêmula
surgiu
o susto
o gesto
o grito
o olhar cabisbaixo
a lágrima derradeira
o fim.