terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ano 4 . Nº 55 . Agosto 2009

The Books

Glenda Way Kaulitz



Os livros são os únicos que não irão trair-te.
São os únicos que te ouvem em silêncio,
São os que acolhem tuas lágrimas,
e que pouco a pouco, dão sentido a tua vida sem graça.
Quando você mergulha dentro de uma boa história,
Consegue esquecer do quão ruim anda tua vida.
Não és mais que um poeta solitário.
Nadando em versos mudos costurados.
Nada mais és que tinta sem tela,
Que uma folha de papel sem a caneta,
Nada mais és que um quarto vazio,
de um futuro sombrio.
Mergulha e agarra-te naquele velho romance,
e vive-o outra vez, outrora, já é hora.
Como você o queria para si.
Mas ele não existe.
A vida se resume em poucas linhas,
e a sua, nem sequer dá um bom livro.
As páginas estão riscadas, rasgadas e amassadas,
repleta se coisas que tu anseias esquecer.
Você é um livro, de capa negra e dura,
a capa, são teus negros olhos,
as palavras duras, são teus fortes traços,
o sofrimento, tuas marcas, o fim, tua morte.


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Adeus

Brenda Nurmi



Quem me dera poder te entender,

Quem me dera saber decifrar o que me diz o teu olhar...

Se ao menos eu pudesse parar de te querer,

De pensar em como pode dar errado...

Uma coisa tão simples que conseguimos complicar!

É difícil de aceitar... De ver tudo acabado...

Sem o teu olhar, sem a tua atenção, sem teu toque...

Sei que não tem volta e nem quero que tenha.

Você não deu valor quando me teve em tuas mãos;

Não vou negar que isso dói no coração,

Mas minhas lágrimas vão secar, vou te esquecer...

Só queria que soubesse como me sinto,

O quanto tenho sangrado por dentro...

Mas agora eu te peço distancia...

Não quero mais sofrer por você;

Cansei de chorar e de te olhar com esperanças...

Dizer adeus nunca é fácil,

Mas não precisava sair da minha vida sem explicação.

Como eu não sou igual a você e nunca fui,

Eu dispenso a tua presença pra sempre...

E quando você olhar pra trás e não me ver,

Saiba que estarei nos braços

de quem não sabe machucar como você...


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Elara (soneto 15)
Marcüs Beaulmont



Liricamente as fendas se abrem
As profundezas escuras e silenciosas
Um fim injusto de uma história calamitosa
Num vazio indolor eles jazem

Na queda, o ultimo beijo
E um abraço sem igual no céu
Do inferno se despedem réus
A eternidade é o ultimo desejo

Um inédito sorriso de asas de metal
Cálido amor e redenção em último instante
Entre o suave abraço de Elara

O impacto no mar sem sal
Esquife eterno, cristalino e cintilante
Amor eterno, em eternidade se encerrara.


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Atalho

Juliana Amaral



Autocontrole, instante sóbrio

passos dados para trás

ligeira vontade de fugir

de riscar o silêncio

de rir de si mesma.

Mergulho na escuridão

caminho ainda trêmula

percorro os degraus do desconhecido

eu quero ver o invisível em ti,

aquele sorriso que não consigo esquecer,

quero alcançar suas mãos em movimento.

Procuro por um atalho

que me leve até você,

Suplico um segundo de luz

preciso encontrar um rastro

uma voz

um suspiro conhecido

preciso ter certeza que estou no caminho certo.

Ouço vozes

ouço uma música longe

um fio de luz

um corredor

a porta aberta

não há “ninguém”

apenas pessoas se divertindo com o Nada.


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À Sanidade

Pablo Augusto



Consome em mim o desejo
Derrama tua vida vermelha
Sobre minha vida velha
Cala-me em um mórbido beijo.

Açoita-me o ego, coitado,
Pois ele só enxerga vaidade
Em meu âmago, tola verdade,
É só o que tenho criado.

Escarra minha boca seca!
Quero o gosto de tua raiva
Como beija-flor a beber seiva.

Põe em mim o pior de te
A consumir minha felicidade,
Caminho obstruido a minha sanidade...