[RR Junho 2009 – 57 votos]
Inclinar-se
Carol_gótica
Ao som do piano frio
ao leve e lírico entardece
eu me esgotei
larguei sem vestígios meus fios de silêncio.
Cobri, sem força, minha coragem de covardia
joguei fora minha vontade
e me inclinei,
como quem se joga para o fim do precipício.
Eu me esvaziei,
gritei, sem razão para me salvar.
Larguei-me como quem se despede de alguém valioso.
Eu desisti,
Inclinei-me para cair no esquecimento:
primeiro veio o clarão depois a escuridão.
Quem me perdoará?
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[RR Março 2009 – 54 votos]
Silêncio coberto de vermelho
Juliana Amaral
Gritos, lágrimas, medos
por onde recomeçar?
Sonhos, lembranças, tragédias
Por que recuar?
Paredes machadas de verdades sigilosas,
corredores silenciosos.
Pulso aberto escorrendo covardia.
Existência vazia
procurando o indizível.
Vida aprisionada
a um vermelho silencioso.
Alma coberta de vermelho.
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[RR Janeiro 2009 – 40 votos]
Jennifer Souza da Silva
Cry... in the shadows
Estamos perdidos no mundo
Estamos perdidos nas sombras do mundo...
Tente sentir isso, a estranha força da solidão...
Queimar por dentro todo o ódio...
Não conseguir achar um caminho...
E sumir entre as lágrimas de seu corpo...
Estamos perdidos no mundo...
O que sentimos, afinal, senão agonia?
Não poder caminhar por entre os caminhos do destino...
Sem luz pra guiar nossos passos...
Sem forças pra ter um destino...
Estamos perdidos no mundo...
Há algo no ar que me abraça...
Há algo nas sombras que envolvem-me...
Há algo em seus olhos que me seduz...
E tudo que me fazia viver foi-se embora...
Com o vento...
Estamos perdidos no mundo
Estamos perdidos nas sombras do mundo...
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[RR Fevereiro 2009 – 38 votos]
Elara (soneto 9)
Marcüs Beaulmont
Batia o coração como martelo na ferida
E a dor enamorada da morte cantava
Lírica e voraz, orgulhosa, imolava
Dentro da realidade de liberdade arrependida
Demônios invadiram os Jardins Suspensos
Decapitando imagens santas de ouro
Lágrimas do céu...triste tesouro
Legiões dilaceravam arcanjos imensos
Como granizo caia o furor maldito
Chuva ácida cortante e cruel
Corroendo fibras de coragem cega
O inferno se abre em evocação e rito
Em chamas de caos os campos do céu
Estéreis, a vida se lhe renega...
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[RR Março 2009 – 35 votos]
A terça parte do infinito
Mozileide Neri
O vento da janela de trás
trás consigo a carga
o silêncio em brasa
a casa vazia de tudo
e cheia do nada
o nada que restou, agora é cinza
poeira sobre os vidros cegos.
O vento da Janela de trás
e eu o senti, como uma brisa
acariciando meu rosto
torto, prestes a cair.
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[RR Fevereiro 2009 – 34 votos]
Cerrando los ojos
Aimée Lejeune
Te visto con la mirada que hasta hace poco emprendía
por rumbos y fantasías ajenos a tu permiso
que intrusa y sin previo aviso por tus rincones andaba
volaba mordía besaba donde le produjo y quiso
Te visto con la mirada para que mires mis ojos
y en ellos no haya el destello de cuánto te imaginaban
ni curven hacia tus curvas ni emprendan en otro antojo
de verte más que los ojos hasta dejarte sin nada
Desnuda sin nada encima te vuelvo a mirar distante
y tu sin saber caminas como si fueses vestida
mas quieras o no, mi vida, sin serlo has sido mi amante
Y yo del deseo errante navego hacia la deriva
por ríos que me proponen en otro mar olvidarte
mas siempre vuelvo a tu orilla donde naufraga mi vida
Dos amantes cruzan miradas por una calle cualquiera
por un súbito segundo Al mismo tiempo miran
en distintas direcciones como si no se hubiesen
percatado jamás de la presencia del otro
Irónico más allá de la historia que llevan escrita
tienen el amor como un nudo en la garganta la mirada
fingiendo no haber visto aquello que ve aún cerrando los ojos
Ni río sin que mis lágrimas corran dentro
ni puedo respirar sin que duela el alma
no logro convertir la tormenta en calma
ni puedo soportar lo que ahora siento
Difícil es vivir cuando muere al alba
casi antes de nacer algún día nuevo
difícil no morir en la madrugada
ante las puñaladas de los recuerdos
Aquí sólo me siento cual me he sentido
ya tantas otra veces que me han herido
mas me pregunto ahora si estoy vivo.
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[RR Outubro 2009 – 29 votos]
Brenda Nurmi
Estar com você
Dois mundos completamente diferentes
Duas vidas que se atraem e não sabem explicar
A força de um olhar triste e profundo
Que me toca sem notar, sem pensar...
Sabe, pode ser muito cedo,
mas já é tarde de mais pra te esquecer...
Eu quero estar com você
Ser a única que está em seus braços...
Olhar pra lua e ter certeza de que é
A mesma lua que te ilumina...
São tantas coisas na minha mente
E eu não sei o que realmente eu devo te dizer...
Eu nunca me senti desse jeito antes,
Eu nunca tive ninguém como você
E nunca me senti tão certa do que faço...
Ta sendo mais do que uma simples paixão
Não tem nada melhor do que estar do teu lado
Sei que poço me machucar,
Mas se não te dizer o que sinto
Que importância fará tudo isso guardado dentro de mim?
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[RR Agosto 2009 – 28 votos]
The Books
Glenda Way Kaulitz
Os livros são os únicos que não irão trair-te.
São os únicos que te ouvem em silêncio,
São os que acolhem tuas lágrimas,
e que pouco a pouco, dão sentido a tua vida sem graça.
Quando você mergulha dentro de uma boa história,
Consegue esquecer do quão ruim anda tua vida.
Não és mais que um poeta solitário.
Nadando em versos mudos costurados.
Nada mais és que tinta sem tela,
Que uma folha de papel sem a caneta,
Nada mais és que um quarto vazio,
de um futuro sombrio.
Mergulha e agarra-te naquele velho romance,
e vive-o outra vez, outrora, já é hora.
Como você o queria para si.
Mas ele não existe.
A vida se resume em poucas linhas,
e a sua, nem sequer dá um bom livro.
As páginas estão riscadas, rasgadas e amassadas,
repleta se coisas que tu anseias esquecer.
Você é um livro, de capa negra e dura,
a capa, são teus negros olhos,
as palavras duras, são teus fortes traços,
o sofrimento, tuas marcas, o fim, tua morte.
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[RR Outubro 2009 – 25 votos]
Julia Hernández
Mi rostro
Mi rostro en el espejo
piezas del espejo
Existo
vacía fuera y dentro de mí.
Mi rostro en el espejo
suelta la risa de la casa de
casa llena de ruinas
y abrasiones.
I, la imagen del espejo
casa fantasma
riendo de mí.
Detrás de las piezas, un rostro,
Yo de fondo,
el secreto de mí.
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[RR Janeiro 2009 – 19 votos]
João Correia
>SEM TÍTULO<
Sou a mortalha de quem fui
Num longínquo passado
Que quero deixar enterrado
Sem uma vela, nem resquícios de luz!
Sou um substrato dum passado
Onde o carbono era mais rijo
E o carvão fazia parte de minha constituição
Assim como hoje faz minha mão.
Não lembro daqueles tempos
Pelo menos finjo que deles me esqueci
Mas no subconsciente de meu sonhos
Vejo coisas que nesta vida nunca vi,
Ouço vozes que me soam familiares,
Vozes que nunca ouvi e não sei distinguir!
Hoje sou filho de mim mesmo
Em meu proscrito passado
Onde fui tudo, de assassino
A reles soldado.
Hoje também sou pai de mim mesmo
Em uma eterna gestação
Onde metamorfoseio-me
Para que num futuro
Quando eu irromper de meu casulo
Eu possa viver sem a aflição
De ser “humano, demasiado humano”
Este conflitante ser de mil facetas
Que não passa de poeira de cometas,
Este ser em eterna gestação!
haha...10+ bem interessantes!
ResponderExcluirJU
"A terça parte do infinito"
ResponderExcluirLindaaaaaaaaa!!!!!!!!!
Impressionante como as palavras têm o podeer de tornar belo, o lado mais triste da poesia.
Tatiana L.C
Gostaria de conhecer todos os sonetos de Elara, do Marcus.
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