domingo, 7 de novembro de 2010

Ano 6 . Nº 70 . Novembro 2010 - Edição de Aniversário

Juliana Amaral
[RR MAI 2010 - 33 votos]
Quando os anjos não choram
Deus, por piedade, dá-me a mão
ergue os meus olhos
cheios de tristeza e insegurança
dá-me um pouco de calma.
Quando eu estiver sozinha
acompanha-me no pranto
na agonia de não saber o que fazer.
Deus, por piedade, dá-me um abraço
porque quando os anjos não choram
uma alma como a minha será feliz.
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Marcüs Beaulmont
[RR JAN 2010 - 29 votos]
Sine die
Sem dia, hora, momento exato
encontrarás a flor, o cravo intacto
Assim como resto de terra de impacto
não me verás como relato
como um maestro tocando piano na chuva
lendo pautas afogadas em lágrimas
sentindo as cordas soarem já turvas
e o metal desafinar nas secas páginas
como cavaleiro que salta do penhasco
montado em seu cavalo sem medo
buscando no sacrifício sua redenção
como o mago dos dias vê seu fiasco
quando seus bonecos de vudu revelam segredos
quebrando algemas para amar sem restrição.
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Aimée Lejeune
[RR MAR 2010 - 27 votos]
Yo y nadie
No más gritos
no más temores
justo todo lo que me hace llorar
Quiere que su comodidad?
Su mano abierta
Su abrazo que me saluda
Quieres venir esta noche?
Y la muerte está aquí
en busca de un espacio vacío en mi.
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Mariano Borges
[RR MAR 2010 - 26 votos]
Sou uma poesia viva
Fragmentos soltos, desmontados,
vontade de voar, de se desprender.
vou colhendo dores,
sussurros alheios, desejos enferrujados.
Tento existir sem causar danos maiores
escrevo versos recheados de segredos.
Sou uma poesia viva
lapidada de acasos.
Sou seu passatempo,
sua menor lembrança,
seu silêncio constante.
Fragmentos soltos, desmontados.
Tento existir sem causar danos maiores a você.
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Nixy
[RR MAI 2010 - 25 votos]
Instante
Sorrateira em volta de mim
circula amaeçadora
a bolha cotidiana de sensações informes
soando gongos e sinos
Desespero e Angústia tranquilos
marcando dias e horas
observam a esperar
o abraço do Abismo enlaçar
A alma pela tua Ausência atormentada.
Naquele dia me vi encontrar
no fundo dos teus olhos calmos
um instante.
Lampejo de paz
um minuto de ordem universal
qualquer riso infantil
pra sempre calor infernal
Voz grave puxando o Sol, detras
das encostas invernadas, terras assombradas
onde jazia meu ser
e mãos fabricaram sorrisos
e os espalharam todos
pelos caminhos meus
sem você, então
o badalar soluçante
silêncio. Sensação sufocante
Gongos e sinos
ausência constante
Lágrimas. Desatino.
Sem você agora
a tempestade vindo
Eu indo.
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Júlia Kim
[RR JUN 2010 - 23 votos]
Sobre a verdade escondida
sobre a verdade do nunca.
Do errado. Do surdo poema.
Eu sou a metade do fim.
O medo coerente de Ser.
Sobre a verdade do Possível
Do inesperado. Do confuso verso gótico.
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Suelem Romancini
[RR FEV 2010 - 20 votos]
Lapso
Ela estava seca, o corpo gelado.
O que havia de sangue esvaeceu.
Eram pupilas escuras, seus olhos.
Enraizou as unhas entre a carne esperada.
De lábios desérticos, roupas em águas.
O contorno do queixo movia por sobre as extremidades dos ombros.
Braços firmes e pernas enlaçadas.
Desprendia-se em suor.
A ordem dos fios se ia, misturava e eclodia.
O cheiro lhe ardia os sentidos e confundia suas regras ou razões.
Morriam seus limites eles desciam por suas vertentes.
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Mozileide Neri
[RR ABR 2010 - 19 votos]
Lacrado
Há risos sobre a ferrugem de um sonho,
há vidros arranhados por gritos,
de dentro para fora de mim.
Me tornei o lacre de seu silêncio,
me tornei a sua dor interminável.
Hoje sou você à deriva do que ainda não tem nome.
Ainda ouço soluços trancafiados no porão,
sino uma vontade de possuir liberdade [inexistente].
E foi tentado ser exata
que calculei errado a direção certa,
escolhi não ter mais razão
fechei os olhos,
abracei o vazio mais leve e escuro
e não me permiti mais existir.
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Gabrielle Fonseca
[RR ABR 2010 - 16 votos]
Fúnebre lembrança
Nenhuma palavra pronunciarei
nenhuma imagem deve ser lembrada
nenhuma lágrima aproximará dos meus olhos
ao menos, desejo em devaneio,
ao menos que me digas que fora um sonho.
Ao menos que me digas que fora um engano.
Diz! Olha-me ainda sonolento,
balbucia alguma sílaba viva,
cancela meu desespero.
Diz qeu ainda estás comigo.
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Bianca Saldanha
[RR JUL 2010 - 12 votos]
Vou-me
Vou-me como quem canta
sem saber a letra ou a melodia.
Vou-me como quem nunca amou na vida.
Sinto-me sempre assim: querendo ir.
Amanhã te conto meu sonho
Amanhã te conto meu segredo
escondido debaixo dos meus pés
Amanhã...
Pois tenho liberdade demais
preciso ir, sempre.

Um comentário:

  1. Sinto bastante falta desse blog. Sempre foi ótimo e, apesar de poucos colaboradores, sempre foram contribuições únicas.

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